O Saltério da Beata Virgem Maria é o Evangelho: e por isso deve ser pregado a cada criatura, de cada estado da
Igreja, por parte daqueles aos quais o oficio impõe a necessidade de pregar.
O dever do Saltério não contrasta com o Evangelho, ao contrário, é pela
maior glória deste, e aquela repetição tão santa e saudante recebe o mérito.
Além disso, sendo um dever pregar pela
edificação e a salvação dos Fiéis, o que pode ser reunido de mais útil com
esse Saltério, do que as orações? É evidente que foi oferecido ao mundo
com suma utilidade e salvação.
Confrontamos alternativamente a atividade das Pregações e o
empenho do Saltério. Visto que a oração serve como medicina das almas.
Com o maior zelo
possível deve pregar quem deseja ser de Deus, e quem deseja que Deus seja
honrado e adorado.
A oração, sendo o principal instrumento da Igreja, é dada por Deus
a todos os fiéis, para obter o bem e para afastar o mal.
É uma das partes
do sacramento de penitência, aquela que concerne à satisfação; e o povo
Cristão, vendo sumamente necessidade de ambas as coisas, tem a
necessidade que os pregadores o exortem a orar para Deus.
Na verdade o Saltério é uma forma de orar, que contém, ensina e
repete aquela Oração, a única que Jesus ensinou, a Saudação que
recebemos do Céu. Jesus recebeu tudo somente de Deus, nada do homem,
nada de outro lugar.
O resultado então do Saltério é que se converta o mundo inclinado
ao pecado.
Jesus concedendo, a Mãe de Jesus intercedendo, os Salmodiantes cooperando, e os Pregadores sendo mais solícitos do que
ostentadores.
Sabemos por muitos testemunhos, que em muitas nações
isso aconteceu: e nós mesmos pela experiência, vimos e ouvimos que
muitos Pastores, depois de terem descoberto isso, o mencionam com
alegria.
Se os pais habituassem, os seus filhos ao exercício do Saltério,
quanto estes seriam dóceis em tudo e capazes de esperar? De quantas
bênçãos de Deus se enriqueceria a casa e a própria descendência?
Se os pais e as mães de família estimulassem os seus servos por a essa
devoção, seriam servidos por pessoas mais obsequiosas e fiéis.
Os
confessores fariam algo são e saudável se persuadissem os seus penitentes
ao exercício do Saltério, ou os levassem a encontrar uma posterior
satisfação na penitência, não por obrigação, mas por devoção, para o
acúmulo de méritos. Coisa que para São Domingos era normal, habitual e
gerava uma extraordinária conquista de almas.
Apóia-te, serve-te e te
satisfaças do Saltério. Ocupa lugares seguros aquele que se arrisca em
coisas altas.
É ilustre na humildade, brilhante na obscuridade, aquele que
exalta as coisas humildes e torna luminosas as coisas obscuras.
Orar o
Saltério parecerá uma coisa obscura e humilde, mas aos sábios em si
mesmos, não a Deus: quem do mesmo modo exalta as coisas humildes
humilha as coisas altas.
Este é o
Saltério, que ama quem o ore não com as palavras dotadas pela sabedoria
humana, mas pela presença do Espírito e da virtude. Creia, o Saltério é
cheio de grandes promessas e riquezas de exemplos.
A gloriosa Virgem Maria, amiga da
verdade, revelou: Que a Angélica Saudação esteve sempre na mesma
reverência e desde o início da Igreja Cristã. Ela ensinava: os Apóstolos
aprenderam a conhecer o valor da Anunciação do Senhor, recebendo o
Espírito Santo, muito mais claramente que todos aqueles que vieram
depois; ao mesmo tempo, também reconheceu ter recebido as primícias do
espírito através dela. Certamente foram mais próximos às fontes da
verdade e da luz.
Acrescento: eu também soube que a Santa dos Santos, a
Mãe de Deus, foi o segundo motivo das sagradas realidades no Novo
Testamento, sendo o Filho o primeiro motivo. Essas coisas fazem entender
claramente, que os Apóstolos não teriam tido nenhum dos dons da graça, se
não por intercessão da Virgem Maria. E acrescentava Maria: os Apóstolos
usavam essa oração, isto é, ambas, aquela do Senhor e a Angélica
Saudação, mesmo quando ela ainda estava sobre a terra. Esses anunciavam
à Maria que ela estava próxima à graça, à futura glória e à divina
providência, assim como a Beata Maria teve a idéia que existia em Deus a
eternidade. Esta é a razão do mundo restaurado. Dizia também que a
Virgem Maria, sabendo o valor da Anunciação do Senhor, o rezava mais devotamente. Maria honrava o ser humano e o ser divino segundo a Graça
e a Glória. Dizia também que o Senhor Jesus, enquanto homem orava
frequentemente desta forma, não porque tivesse necessidade, mas porque
queria ensinar. Do mesmo modo disse: os Anjos e os Santos nos céus, com
o espírito e não com a palavra, também oferecem à Mãe de Deus aquela
Saudação. Sabem, de fato, que será através da Saudação, que o engano dos anjos foi vencido e o mundo renovado.
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